Opinião (II): o outro lado do Desfile das Virgens
21/02/2018Por Fernando Guerra
Nem só de Desfile das Virgens vive o carnaval de Surubim. Por sinal, esse evento tem sua denominação originada de um bloco que circulava pela cidade no domingo seguinte ao carnaval com uma rapaziada vestida de mulher, onde a tônica era a irreverência e o deboche. Desse grupo não sobrou absolutamente nada, nem ninguém. Mário Júnior, embora não tenha sido o fundador do bloco foi quem manteve a chama acesa e presenciou aquela brincadeira transformar-se na maior festa de rua surubinense.
Nesse momento, meia dúzia de gatos pingados e uns dez travestis que perambularam pela avenida, vestidos à caráter, esparsamente perdidos na multidão ainda lembraram os tempos iniciais do festejo. Sob os olhares coniventes e de completo respeito à diversidade divertiram-se o quanto tinham de direito.
É preciso, entretanto, observar com atenção o outro lado dessa festa momesca que vem criando importância com o apoio da municipalidade, sob o comando da prefeita Ana Célia e do diretor de cultura Maurício Barbosa atentos e dedicados às manifestações folclóricas e ao surgimento de novos blocos e bandas de frevo.
A Banda Capiba (Grupo Capiba) e a Orquestra Instrumental Surubinense vieram enriquecer o cenário carnavalesco da cidade e foram devidamente contempladas pelo poder público.
A atuação da Secretaria de Cultura teve início desde as prévias, com destaque para o Baile Municipal, passando pelo carnaval propriamente dito, com os polos de Lagoa da Vaca e Jucá Ferrado. Quanto ao momento carnavalesco surubinense que acontece após a Quarta-Feira de Cinzas o destaque foi para a criação de três polos de animação que deram uma consistência alternativa com forte apelo para a identidade musical pernambucana.
O Polo Imaginário Popular Mário Júnior, em frente ao Clube Independência, na sexta-feira, 16/2, deu um destaque merecido a Noé da Ciranda, talento de nossa cultura que se apresentou no local. Após a apresentação foliões e blocos líricos desceram a Avenida São Sebastião até o Pátio da Usina onde foi montado o palanque principal, denominado Capiba. Ali a Prefeita Ana Célia deu por iniciado o Carnaval de Surubim tendo aproveitado o momento para homenagear as memórias de Mário Júnior e Maria do Carmo Guerra. Esses dois personagens contribuíram para o carnaval surubinense. Mário foi, sem dúvidas, o grande responsável pelas realizações dos Desfiles das Virgens enquanto Carmo Guerra resgatou com o bloco A Pisada É Essa os antigos carnavais da cidade e deu início aos blocos líricos em Surubim.
Após esse momento, a animação ficou por conta da Orquestra Capiba, Banda Sassarico e o cantor Almir Rouche.
No sábado, realizou-se o cortejo dos blocos líricos Com Você no Coração, Pierrot de São José, Folguedos de Surubim e A Pisada É Essa que desceram a Av. S. Sebastião, apresentaram-se no palco da usina e seguiram para o Polo Carmo Guerra montado à Rua Maria Barbosa, ao Lado do Restaurante Capitu. Em seguida continuaram a descer a avenida os blocos Eu Pulei, Kifolia, Boteco Cabaceira, 40 Graus e Surpresa que ficaram à frente do Palco Principal, denominado Polo Capiba onde animava a noitada a Família Salustiano e a Orquestra New Frevo.
Os blocos líricos cantaram e dançaram no Polo Carmo Guerra onde logo depois, realizou-se um show com o cantor Geraldo Maia interpretando musicas carnavalescas de Capiba. Mesmo sob uma chuva contínua esse espaço alternativo demonstrou que enriqueceu o carnaval com as portas que abriu para a poesia, mostrando ser possível vivenciar os velhos e saudosos carnavais que o tempo reluta em deixar no passado.
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