Conjuntura Política: um homem de Ciência no Governo
16/06/2020Por Fernando Guerra
Se fosse me referir a um homem das artes no Governo de Pernambuco, logo muitos poderiam pensar que me reportaria ao Conde Maurício de Nassau.
No entanto, de acordo com o título de nosso comentário, cuidarei de um homem de Ciência no Governo Nacional, deixemos, portanto, a cultura para outro momento. O cinema, a música, o teatro, as artes plásticas, a dança, a poesia, a prosa literária, as manifestações de cultura popular, o folclore, não cabem neste espaço.
Aqueles que pensaram tratar-se do presidente Jair Bolsonaro, posso dizer, acertaram! Ele, pelo que se sabe, levou às últimas consequências o ditado popular que revela que de médico e de louco, cada um tem um pouco. Não vamos falar de loucura, ações destrambelhadas, pois, com as suas proezas, alçou os mais altos degraus nesse sentido e em qualquer competição entre os governantes mundiais, ele e Donald Trump seriam destaques indiscutíveis.
Se Collor foi o caçador de Marajás, Bolsonaro quer passar à história como o caçador de comunistas! O séquito que lhe acompanha tem essa fixação, em tudo e em todos eles enxergam ora traços de comunistas, ora verdadeiros capas vermelhas, com suas foices e martelos ostentados nas lapelas, nos bolsos, no manto, como se fora ornamentos devidamente bordados a merecer o maior dos repúdios. Menos impacto causariam se fossem imagens de satanás com seus tridentes pontiagudos em posição de ataque.
Aqui pra nós, acho que eles não sabem o que é comunismo, nazismo nem fascismo.
Mas, deixemos pra lá. Cuidemos do médico, do notório cientista que de tanto defender a utilização da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 recebeu honrosamente o apelido de Capitão Cloroquina.
Ele buscou por todos os meios desacreditar a OMS – Organização Mundial de Saúde e suas recomendações fundamentadas na ciência dos homens. Desmoralizou a utilização das máscaras, desacreditou o isolamento social como medida eficaz para o controle da pandemia e, com isso, espalhou a dúvida entre os brasileiros que alcançaram em pouco tempo as cabeceiras da competição, tornando o Brasil como o segundo país do mundo em vítimas provocadas pelo coronavírus.
Neste dia 15 de junho, foi surpreendido pela notícia de que a sua segunda pátria, os Estados Unidos, suspendeu o uso da cloroquina contra a covid-19 por ser improvável sua eficácia no seu tratamento. Isso deve ter sido um golpe para a sua pretensa luta científica e humanitária, mas o problema é que o mundo inteiro está lhe chamando de genocida por ter difundido inverdades, jogado os brasileiros no precipício e desacreditado o Brasil no contexto das nações civilizadas do mundo.
Antes de concluir, não me custa dar um aviso aos navegantes! Há poucos dias este jornal noticiou que os casos de coronavírus duplicaram em Surubim num período de 15 dias. E, logo em seguida, a Prefeitura sob os conselhos da CDL deu início à flexibilização da abertura do comércio na cidade.
O isolamento social foi até agora o remédio mais eficaz contra a pandemia em vários países do mundo. O que se pretende em Surubim corresponde a desafiar a lei da gravidade. A quem poderemos creditar a responsabilidade sobre o crescimento acima do normal dos infectados pela Covid-19 que teremos nas próximas semanas?
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