Eleições 2020: panorama da campanha política em Surubim
05/11/2020Conjuntura Política/ Fernando Guerra
Quem levou vantagens com as falhas da Justiça?
Muitas vezes somos levados a acreditar que o Judiciário é o instrumento que devidamente acionado salvará o país do mar de lama da corrupção. Noutros momentos, ao nos depararmos com suas omissões, suas crises de miopia, e os acobertamentos de tantas ações identificadas como desonestas no trato com o erário público, perdemos completamente nossas esperanças.
Com que cara daremos explicações ao descrever a história política de Surubim se um Flávio Nóbrega for eleito prefeito do município? Ele que foi identificado como um administrador que se locupletou com o cargo e que tem um livro inteiro publicado onde se prova seus envolvimentos com desvios de verbas, manipulação de licitações e tantas outras coisas?
“Do Paraíso ao Inferno” é o depoimento de Orlando Brito, um pedreiro que esteve nas raízes da fundação do PT. Como se diz logo no prefácio desse livro, Orlando “desmascara o prefeito eleito Flávio Nóbrega e suas afirmações serviram de instrumento para levá-lo à Justiça, juntamente com uma quadrilha formada nos porões da Prefeitura, conforme se pronunciou em várias instâncias o Ministério Público de Pernambuco.”
Flávio retorna à arena das eleições com força, sob a conivência de leis que acobertam a sujeira, que jogam para baixo do tapete o lixo, que nos fazem desacreditar que podemos construir uma grande nação.
Esperar que o nosso eleitorado corrija essas distorções votando certo é desconhecer a realidade do nosso povo que em parte considerável aguarda as eleições para conseguir telhas, cimentos, canos, areia em troca de votos.
A Pândega da Pandemia
Dizer que algum candidato ficou atemorizado em reclusão social em decorrência da Covid-19 é incorrer numa mentira descabida. Em se tratando de correr atrás de votos, os nossos políticos têm coragem de mamar em onça.
Comícios, carreatas, reuniões, passeatas, caso não fossem proibidos, estariam a todo vapor contribuindo para espalhar ainda mais esse terrível vírus. No quesito saúde pública, estariam todos irremediavelmente reprovados.
Essa deveria ter sido uma campanha, desde seu início, realizada pelos veículos de comunicação disponíveis, sobretudo as emissoras de rádio que estão ao alcance de todos, pobres e ricos, para preservar vidas extremamente valiosas.
Nesse cenário de apreensões e angústias provocadas pelas incertezas e constantes ameaças, nessa luta contra um inimigo invisível, os candidatos a cargos eletivos circulam desenvoltos como se nada tivesse ocorrendo.
Como temos visto, se dependêssemos dos candidatos que se arvoram como defensores do povo, se dependêssemos da consciência pública deles, do interesse que têm em cuidar da saúde da população, os comícios teriam continuado na mesma pândega, nessa grande festa coletiva em que se transformaram.
Qual candidato levou vantagem com a pandemia?
Num momento como este em que a pandemia provocada pelo novo coronavírus ameaça as pessoas, poderia algum candidato a prefeito de Surubim sobressair-se perante os demais?
Conforme se observa foi o que se deu com a prefeita Ana Célia. Num passe de mágica, ela resgatou a sua popularidade, justamente com o início dessa pandemia, coincidente com o ano eleitoral. Sua ascensão junto à opinião pública começou logo após o seu governo municipal receber verbas federais para aplicação na luta contra a Covid-19. Segundo informações do Portal da Transparência no site da própria Prefeitura, o município recebeu até agora R$ 9.251.077,61 (nove milhões, duzentos e cinquenta e um mil, setenta e sete reais e sessenta e um centavos).
Ao dar um novo sentido e nova serventia à Policlínica, ex-Maternidade Estefânia Farias, recuperando-a e adaptando-a para internamento de pacientes acometidos com esse vírus, Ana Célia teve a sua imagem melhorada diante do eleitorado.
Nessa unidade de saúde foram montados 20 leitos para atendimentos de média complexidade como respiradores, desfibrilador, aspirador cirúrgico, monitor multiparâmetros e tensiômetros. Por consequência, a população passou a sentir-se mais segura e ver com outros olhos a sua administração.
A prefeita Ana Célia passou três anos completamente imobilizada, amealhando altos níveis de rejeição e tinha sua administração estabelecida no patamar das gestões sofríveis.
Se as eleições tivessem sido realizadas em março deste ano teria um desempenho pífio. No entanto, em seguida a esse pontapé inicial, o afastamento do grupo de Flávio Nóbrega de sua gestão, as obras começaram a aparecer. Deu nova roupagem às praças, asfaltou as principais ruas da cidade que são realizações de alta visibilidade. Com essa maquiagem encobriu os defeitos de sua gestão no tocante à urbanização e paisagismo.
Juntando-se a isso, a estrutura do governo estadual, arregimentou forças, criou competitividade e, hoje, nessa campanha a prefeito, cuja polarização com o ex-prefeito Flávio Nóbrega ficou muito clara, tem chances reais de continuar à frente da municipalidade.
Embora com uma disputa acirrada, parece que a cada dia acumula ganhos eleitorais que podem lhe garantir a vitória e isso não se constituirá em nenhuma surpresa.
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