Pioneirismo: Maria Bezerra foi a única mulher a organizar vaquejadas na região
15/03/2021Uma das referências mais importantes das Vaquejadas do Agreste Setentrional, a fazendeira Maria Bezerra de Arruda, faleceu há pouco mais de uma semana, aos 87 anos, no último dia 6 de março, em Recife, devido à complicações provocadas por um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, ocorrido em 21 de fevereiro deste ano.
Quando as Vaquejadas de Surubim deixaram de se realizar entre os anos de 1966 e 1970, ela tornou-se a principal personagem das corridas de mourão regionais com as suas festejadas Vaquejadas do Manduri. Conforme seu depoimento registrado no livro Memórias das Vaquejadas de Surubim, Maria Bezerra promoveu dez vaquejadas, sendo oito delas no Manduri, uma em Limoeiro e outra em Santa Cruz do Capibaribe. Completando, afirmou que as corridas transcorriam em clima de paz, não se fazendo necessária a presença da polícia e eram transmitidas por emissoras de rádio de Caruaru e Limoeiro. A animação das festividades eram comandadas pelos aboiadores Agrestina e Macauzinho que puxavam aboios e faziam versos para os presentes.
A Vaquejada sempre foi um esporte predominantemente masculino. Hoje, se observa ainda de forma tímida, a participação de mulheres disputando as corridas, mas na organização dos eventos é difícil a presença feminina, imagine 55 anos atrás. Na nossa região não se tem conhecimento de outra mulher, além de Maria Bezerra, que tenha organizado as conhecidas “Festas de Mourão”.
Mas Maria Bezerra não foi só pioneira nas Vaquejadas. Ela também montou uma rádio tendo como sócio, o conhecido “Dilson da Rádio”. Esta emissora, a primeira a entrar no ar em Surubim, chegou a funcionar 30 dias em fase experimental, com a sua torre de transmissão instalada na Praça Estefânia Farias. Por motivos políticos, a estação não recebeu autorização de funcionamento pelo Ministério de Comunicações. Maria Bezerra era adversária do Monsenhor Luiz Ferreira, que detinha na época, forte prestígio em Brasília/DF. Aliás, foi o próprio Monsenhor que implantou a primeira emissora de rádio legalizada da cidade, a Surubim AM.
O corpo de Maria Bezerra foi sepultado no dia 8 de março, no Cemitério de Lagoa da Vaca, no túmulo da família. De sua longa vida, fica o legado de determinação e pioneirismo. O sepultamento ocorreu no Dia Internacional da Mulher, data na qual se destaca a necessidade do “empoderamento feminino”, ou seja, o fortalecimento das mulheres, isso Maria Bezerra já fazia numa época em que esse termo nem existia. Fica o exemplo.
Clique aqui e leia o depoimento de Maria Bezerra para o livro Memórias das Vaquejadas de Surubim.
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