Surubim: a cidade sem maternidade
22/02/2023Por João Paulo Lima – Professor
Surubim é sem sombra de dúvidas uma das cidades mais curiosas no cenário político pernambucano. Polo econômico, constituindo uma das 19 regiões de desenvolvimento do estado, berço de grandes políticos, o município tem três prédios com estrutura montada para maternidade e nenhuma delas atende plenamente os seus munícipes, demonstrando o descaso com a saúde pública municipal.
A Maternidade Estefânia de Farias, de propriedade da família da atual prefeita, está há anos desativada, funcionando mais recentemente com atendimentos básicos com o nome de policlínica.
O Hospital do Coqueiro, construído pelo ex-prefeito Flávio Nóbrega, teve uma estrutura moderna instalada à época para ser uma das mais modernas maternidades do interior do estado, mas atualmente mal consegue funcionar como UPA municipal, diante da falta de investimentos e com constantes reclamações da população.
Por fim, resta o Hospital São Luiz, de porte regional, mas que não funciona 24 horas a sua maternidade e raramente atende uma paciente grávida para partos, a não ser para aquelas que tem o privilégio de pagar pelos seus serviços. O São Luiz é basicamente uma central de transferência de gestantes para terem seus filhos em cidades como Nazaré da Mata, Moreno, Vitória, Caruaru, e tantas outras cidades pernambucanas. A continuar da forma que está, breve não haverá mais novos surubinenses com o seu gentílico. Uma das maiores e mais importantes cidades de Pernambuco estará fadada a doar seus filhos a outras naturalidades.
O PSB que reinou por 16 anos no estado e tem uma prefeita na gestão da cidade e tinha um deputado federal (ex-candidato a governador) e um estadual parentes, foi incapaz de trazer para Surubim uma maternidade regional. Os filhos da terra falharam com seu berço e, hoje, cabe aos surubinenses viajar quilômetros de distâncias para terem seus filhos em terras estranhas.
A morte recente de uma mãe gestante com sua criança no município, trouxe novamente à tona o problema que décadas atrás fez um “padre louco”, como dizia reportagem de um jornal da época, construir uma maternidade para atender às mulheres da região. Quase sete décadas após a fundação do Hospital São Luiz e da Maternidade Nossa Senhora do Bom Despacho pelo Monsenhor Luiz Ferreira Lima, o atendimento médico em Surubim retrocedeu. O mundo evoluiu, mas a Terra da Vaquejada ficou para trás, diante da inércia dos políticos locais e da falta de gestores com visão como o padre que um dia foi prefeito e deputado. Perdeu Surubim e toda a região.
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