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Na data de hoje 200 anos atrás: divisão confederada chega ao povoado de Pedra Tapada em Passira

27/09/2024

Capela do povoado de Pedra Tapada, em Passira, local onde a divisão confederada pernoitou em 27 de setembro de 1824 (Foto: Fernando Guerra)

Continuamos com a publicação de textos do historiador Fernando Guerra extraídos do seu trabalho “O Agreste Setentrional e a Confederação do Equador”, na postagem de hoje, iremos falar sobre a passagem pelo povoado de Pedra Tapada, em Passira.

PASSIRA

Dia 27 de setembro de 1824

Em 27 de setembro chegaram em “Pedra Tapada que é um pequeno arraial constante de poucas casas e uma pequena igreja”, no atual município de Passira, onde pernoitaram.

 “Quando a divisão ia em marcha recebemos um ofício de José Francisco de Arruda, comandante da força de Malhadinha, datado do 26 desse mês, de Espinho Preto requerendo que depusessem as armas e oferecendo proteção do Pedroso. Em resposta, Arruda foi admoestado que era puerilidade oferecer proteção de Pedroso à uma divisão que tinha jurado acabar no campo de batalha ou sustentar a liberdade da pátria e ela faria todo o estrago que pudesse se acaso recebesse a mais pequena oposição. Finalizou-se a correspondência com o protesto que fez o Arruda de consentir que passássemos em paz: e assim sucedeu”.

Esse José Francisco d’Arruda era português que enriquecera com o cultivo do algodão e fora vereador em Limoeiro onde residia. Foi preso na Revolução Pernambucana de 1817, deportado para Salvador onde foi humilhado nas masmorras da capital baiana juntamente com os heróis pernambucanos entre eles Frei Caneca. Desta vez encontrava-se em lado oposto aos pernambucanos que se opunham ao absolutismo imperial. Ele foi o construtor da capela de Malhadinha em 1800, com a permissão do bispo Azeredo Coutinho e o mais antigo proprietário da Casa Grande da Fazenda Cachoeira do Taépe que se conhece. É possível que tivesse a posse de parte considerável do que fora a sesmaria de Bartolomeu Gomes Borba acompanhando o Capibaribe desde Malhadinha até Bateria.

Quanto ao Pedroso, tratava-se do coronel Pedro da Silva Pedroso que também fora preso na Revolução Pernambucana de 1817, passou pelas masmorras baianas, tendo sido posteriormente anistiado e em 1822 era governador das armas, comandando as tropas do governo imperial em Pernambuco. Quando naqueles momentos de carceragem começaram a aparecer os primeiros livros entre os prisioneiros, assim como ”papel, tintas e pena”, todos queriam aprender alguma coisa para aproveitar o tempo de ócio. Quando a “habitação das trevas transformou-se em asilo de luz”, Frei Caneca ensinou geometria e cálculo, Padre Muniz, lógica e até mesmo Pedro da Silva Pedroso ensinou duas vezes aritmética e álgebra.

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