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Sábado, 5 de Outubro de 2024 01:32

Conjuntura Política: o Surubim que nos envergonha – II

04/10/2024

Em Recife nenhum morador tem poderes para cortar árvores em calçadas ou nas praças. Em Surubim pode! Aqui tudo pode! (Foto: Fernando Guerra)

Fernando F. Guerra

Temos a sensação de que esta será mais outra pregação no deserto. Entretanto, particularmente, sou da terra, resido por aqui e pelo que tudo indica fixarei residência definitiva na morada dos mortos de nossa cidade muitos anos lá na frente. Portanto, com direitos adquiridos, ficaremos soltando palavras ao vento, em busca de um cristão que porventura ajude a colocar Surubim nos eixos de uma cidade que adote condições mínimas de civilidade.

Há um certo deslumbramento com o nosso crescimento urbano, com os espaços ocupados no contexto econômico regional, sua posição de liderança como polo de confecções, de serviços e comércio do Agreste Setentrional pernambucano. Uma verdadeira bobagem, pois não se apercebem os seus habitantes que a cada dia se aprofunda o fosso entre Surubim e outros centros civilizados do mundo. Uma vergonha.

No Conjuntura Política anterior comentamos a questão das calçadas, neste abordaremos três outros aspectos que numa cidade de primeiro mundo inexistem. Além das interferências nas calçadas, a perturbação provocada pelo barulho, sobretudo dos carros de som, o lixo pelas ruas e praças e o desrespeito às árvores urbanas.

O conjunto desses malefícios, certamente está transformando nossa terra numa cidade grotesca, impraticável para se viver e inimiga dos seus cidadãos que buscam um lugar à distância do tumulto das cidades grandes deste terceiro mundo.

Ainda sobre as calçadas, outro dia observamos as dificuldades de uma senhora com sapatos de salto alto para caminhar sobre “pedras rachão” dessas que são utilizadas para calçar currais de gado e que passaram a ser adotadas pelos proprietários de imóveis urbanos. Calçadas de pedra rachão? Não vi ainda pelas cidades por onde andamos, mas em Surubim virou moda. Até educandários adotaram usá-las, criando desconforto, dificultando a caminhada das pessoas.

Quanto ao barulho que se faz em nossas ruas com uma procissão de carros de som circulando pelo centro da cidade, isso é inconcebível em qualquer cidade europeia, lá, se tem completo respeito aos seus moradores. Que o digam as centenas de surubinenses que têm viajado pelo mundo! Mas, mesmo em nosso país, não se vê nada parecido nem no Rio, nem em São Paulo, nem em Brasília e até mesmo em Recife. Mas, aqui, é um Deus nos acuda!

Outra coisa, o lixo! O poder público não dá conta de fazer com competência a limpeza de nossos logradouros, e, por cima a população não ajuda. A nossa praça principal é um atestado de nosso atraso, da nossa falta de educação, o lixo ali é incontrolável. Os sacos plásticos dão voos rasantes sobre nossas cabeças quando o vento se manifesta.

Há cerca de dois meses estivemos em Gravatá do Ibiapina, e nos surpreendemos com a limpeza urbana. Não se sabe se ainda continuam conservando seus espaços públicos com aquele esmero que nos surpreendeu.

Seja lá como for, sem limpeza urbana não se pode falar em lugar desenvolvido, civilizado, é como gente que não toma banho que anda suja perambulando pelas ruas.

Mas vamos às árvores!

Mutilar as árvores parece ser uma dessas deformidades culturais. Outro dia um funcionário de um Parque local recebeu uma advertência após ter feito à sua revelia uma poda drástica em duas árvores na calçada. Numa segunda investida terá sua demissão efetivada conforme documentação por escrito. Esse tratamento deveria ser adotado, a municipalidade deveria punir quem causasse danos às árvores de nossas praças, de nossas avenidas, de nossas ruas. Nossa Câmara de Vereadores tão pródiga em dar nomes de ruas e conceder votos de aplausos, não se deu conta de que pode criar leis para coibir os depredadores dessas criaturas indefesas e que só nos fazem o bem. Deveria estabelecer multas para quem destruísse a natureza. Em Recife nenhum morador tem poderes para cortar árvores em calçadas ou nas praças. Em Surubim pode! Aqui tudo pode!

Salve-se quem puder!

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