Na data de hoje 200 anos atrás: tropas confederadas levantam acampamento e seguem para Vertentes e Taquaritinga
03/10/2024Continuamos com a publicação de textos do historiador Fernando Guerra extraídos do seu trabalho “O Agreste Setentrional e a Confederação do Equador”, na postagem de hoje, iremos falar sobre a passagem pelos municípios de Vertentes e Taquaritinga.
Dias 3 e 4 de outubro
VERTENTES e TAQUARITINGA
No dia 3 de outubro de 1824, as tropas confederadas levantaram acampamento e deixaram a ribeira do Capibaribe. Em lugar de tomarem a estrada geral que se encaminhava para Brejo da Madre de Deus, seguiram por um caminho margeante ao Riacho Topada “que rodeia a serra de Taquaritinga para Jaburu” e continua até o estado da Paraíba. Esse curso d’água intermitente, a partir de sua confluência com o Capibaribe divide os municípios de Vertentes e Frei Miguelinho e subindo às suas nascentes passa ao lado do Jaburu já em Taquaritinga.
A localidade Jaburu depois povoado de Gravatá de Jaburu teve em 1860 a presença marcante do Padre Ibiapina que implantou aí a sua primeira Casa de Caridade de um total de 22 construídas em várias províncias do Nordeste. Em sua homenagem o local pertencente ao município de Taquaritinga passou a se denominar Gravatá de Ibiapina.
Quando chegaram à encosta da referida serra, Caneca deve a ter subido para contemplar a paisagem a se descortinar à sua frente. Um fenômeno da natureza ali se manifesta. Toda a parte da serra que se volta para o leste, assim como o seu topo, tem uma flora quase sempre verdejante, com árvores portentosas, não sabemos, entretanto, se as espécies vegetais que ali ocorrem correspondem às do bioma da Mata Atlântica. De lá, contemplando a planície que avistava descreveu-a: “o céu é lindíssimo, o terreno plano e povoado dum arvoredo (…) respira a estação da primavera”. Do alto da serra, onde hoje se situa a cidade de Taquaritinga, ele deixou escrito a última das impressões da região, quando se deparou pela primeira vez com uma carnaubeira, afirmando tratar-se de “uma espécie de palmeira de muito uso no sertão. Della fazem cumieiras, frexais, caibros e ripas. Das palhas tecem-se esteiras e cordas para diversos usos. Das raízes além de serem uma espécie de salsa anti-venerea, se sustentam os porcos e outros animais. Das folhas se tiram cera e das bruscas, onde se acham os fructos … usam para aquecer fornos” (sic).
Contrapondo-se à parte da serra que se espelha no leste, no lado do poente, assim como no caminho que “rodeia a serra” predominam uma vegetação arbustiva típica dos sertões, assim como plantas xerófitas em abundância tais como xique-xiques, alastrados, mandacarus, coroas de frade e bromeliáceas como a macambira e gravatás que denominaram a localidade.
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